domingo, 30 de agosto de 2009

A Fisiologia da Respiração e o Psiquismo Humano - Marcos T. Elias (Mahamuni das)



Este texto se propõe à análise da fisiologia da respiração, traçando sua correspondência com diferentes estados emocionais e perfis psicológicos. O objetivo é ilustrar como modos particulares de respirar revelam perfis de personalidade, bem como tendências ou estados emocionais específicos. De posse desta análise, a observação da respiração pode se tornar uma excelente ferramenta para a percepção do outro, bem como para o desenvolvimento do próprio autoconhecimento. Da mesma forma, o conhecimento de técnicas específicas de respiração podem se tornar excelentes instrumentos para a transformação de estados mentais, bem como para o desenvolvimento de diferentes qualidades psicológicas. O conteúdo deste texto reúne conhecimentos da Psicologia Corporal e da milenar tradição do Yoga.

Introdução

O presente artigo versa sobre a arte de respirar. Movimento sutil, delicado, muitas vezes despercebido, a respiração é um dos nossos atos mais vitais. Ela acompanha-nos desde o nosso primeiro momento de vida, e há de acompanhar-nos até o último. Por isso se trata de uma grande amiga, uma amiga especial, que em sábios sussurros, é capaz de dizer-nos tudo acerca de nós mesmos. Sabendo ouvi-la bem, eis que também nós podemos nos tornar sábios.

Tudo o que sentimos se expressa em nossa respiração, suspiros profundos de felicidade, suspiros ternos de saudades, ares que tremem com o medo, ares que se afogam no choro. Emoções e sentimentos se medem pelo movimento que o ar faz ao dançar sobre a melodia que o corpo toca. Se a melodia é alegre, é calma, é forte, triste, desesperadora, fará com que o ar dance de maneiras diferentes. Mas pode acontecer também que a dança do ar, em coreografia estudada, em arte polida, solicite ao corpo a melodia que lhe é mais adequada para a sua dança.

O que quero dizer com isso é simples: é que assim como o que sentimos afeta diretamente a nossa maneira de respirar, a maneira como nos educamos a respirar pode modificar as coisas que sentimos, ou a maneira como as sentimos. Assim, ouvir a respiração é uma arte, e saber respirar é poder escolher a música que mais nos agrada ouvir.

Em um texto da antiga tradição do Yoga encontramos a afirmação de que “o prana é o senhor da mente” (yogendra, 2002, p.80). A palavra Prana denota a energia vital, que segundo a tradição do yoga, tem como sua expressão máxima no ser humano o ato da respiração. Assim, o aforismo nos diz que a energia vital manifesta na respiração é a base da atividade da mente, e que por isso as modificações da mente são acompanhadas de modificações da respiração, e por sua vez, as modificações da respiração promovem modificações na mente.

A mente e o prana estão relacionados entre si como o leite e a água, sendo suas atividades coincidentes, se houver movimento de prana, haverá movimento mental; se houver atividade mental, haverá movimento de prana. (Yogendra, 2002, p. 79)

Esta afirmação é algo empiricamente comprovável para todo aquele que se detiver em observar esta união entre mente e alento vital. Desta forma, devemos tomá-la como uma lei básica para entendermos a psicologia da respiração.
Alexander Lowen, criador da corrente contemporânea de psicologia corporal chamada Bioenergética, parece concordar com este postulado. Ao descrever a respiração de indivíduos em diferentes condições, expressa como um indivíduo deprimido apresenta um “rebaixamento de todas as suas funções energéticas: a respiração está diminuída, o apetite e o impulso sexual debilitados” (Lowen, 1982, p.42). Por sua vez, afirma como o “prazer e satisfação estimulam o organismo a aumentar sua atividade metabólica, que imediatamente se reflete em uma respiração mais profunda e plena”. (Lowen, 1982, p.43)

Se continuarmos a estudar as relações entre estados emocionais e respiração, podemos extrair daí muitas leis do funcionamento natural do organismo.
Tomemos, por exemplo, o critério da profundidade da respiração. Se observarmos a fisiologia natural do corpo, notaremos como junto à manifestação de emoções como o medo intenso, o pânico ou a raiva, por exemplo, a respiração tende tornar-se mais rápida e superficial, eventualmente podendo ser completamente bloqueada ou retida. O extremo inverso acontece quando sentimentos opostos se manifestam, em estados de profunda paz, de amorosidade ou de segurança, a respiração tende a tornar-se mais profunda, lenta e desobstruída. Disso extraímos a lei de que sentimentos experimentados como prazerosos são acompanhados de uma respiração profunda e desobstruída, ao passo que sentimentos desprazerosos são acompanhados de uma respiração superficial e “travada”.

Tomando como base a influência mútua entre os estados mentais e a respiração, poderíamos sugerir que não apenas a experiência dos estados emocionais supracitados determina a condição da respiração, mas que também tais estados mentais podem ser criados ou modificados se voluntariamente trabalhássemos com seu padrão de respiração correspondente. Por exemplo, se queremos que um indivíduo se dirija de um estado de medo a um estado de paz, atuar sobre sua respiração modificando-a de uma condição superficial para uma respiração mais lenta e profunda demonstra ser uma prática de extrema eficácia. Segundo a tradição antiga do Yoga, todos os estados de profunda meditação, onde prevalecem a paz e a serenidade, são preparados através de exercícios respiratórios (pranayamas) que conduzem o praticante a alcançar sua capacidade plena de respirar e manter sua respiração em nível profundo e perfeitamente regular, sem oscilações. Este trabalho sobre a respiração abre ao meditante a possibilidade de observar suas emoções conscientemente e conscientemente apaziguá-las, libertando-o de suas influências nocivas e abrindo espaço para o estado de paz.

Segundo a Bioenergética, existe uma identidade fundamental entre respiração e emoção. Esta identidade é expressa na observação de que a repressão de sentimentos ocorre a nível fisiológico pela própria repressão ou contenção da respiração:
Para garantir a própria sobrevivência sob a égide do amor parental, a melhor forma que o corpo encontra para reprimir as “emoções proibidas” é contendo a respiração. Fisiologicamente, conter a respiração diminui todo o metabolismo do organismo, que, com isso, também tem sua sensibilidade diminuída. (Volpi e Volpi, 2003, p.15)

Deste modo, se queremos resgatar emoções reprimidas, um dos recursos utilizados pela Bioenergética é o de voluntariamente aumentar a profundidade da respiração, criando assim uma ponte de acesso às camadas mais profundas da mente onde os sentimentos mais profundos estão guardados.
Disto extraímos uma outra lei, que é a de que a expansão da respiração equivale à expansão da consciência, sendo o oposto igualmente verdadeiro, a retração da respiração equivale à diminuição da consciência. Deste modo, a expansão da respiração pode ser usada como instrumento para trazer conteúdos inconscientes para a consciência, uma vez que amplia o alcance desta última.
Segundo Volpi e Volpi:
Reduzir a absorção de oxigênio mantém as emoções sob controle, mas, conseqüentemente, reduz a energia vital da pessoa. Recuperar o nível dessa energia é fundamental para que seja possível liberar os bloqueios à expressão das emoções. (Volpi e Volpi, 2003, p.15)

Passando agora para uma apresentação mais prática, proponho-me a descrever de forma didática, sistemática, quase que dissecada - como fazem os anatomistas - quais são os diferentes estágios e as diferentes vias pelas quais a respiração ocorre. O objetivo final é apresentar algumas técnicas de respiração que podem ser empregadas para fins terapêuticos e principalmente, para o auto-conhecimento.

As três áreas de respiração
Vamos ao corpo humano, este belo instrumento da natureza está em constante movimento de troca com o mundo. Por mais que estejamos parados, há uma parte dele que nunca para, se olhamos para baixo, podemos notar que nosso abdômen e nossa caixa torácica estão em eterno pulsar, por mais sutil e superficial que este seja. Se assim não fosse, não estaríamos vivos. Em termos gerais, o movimento da respiração abrange desde a parte mais baixa do nosso ventre até a parte mais alta do peito, e de forma menos perceptível, movimenta também a garganta assim como as narinas.

De forma didática, poderíamos dividir o movimento respiratório em três áreas do corpo:
- Respiração abdominal ou diafragmática: é aquela que acentua o movimento na parte baixa da barriga, fazendo a barriga crescer com a inspiração e recolher-se na exalação. O ar concentra-se na parte baixa dos pulmões. Esta respiração é a que exige menos esforço e corresponde à aproximadamente 60% do ar que podemos absorver. É predominante em estados de descanso, relaxamento e durante o sono.
- Respiração intercostal ou média: é aquela que movimenta a região intermediária entre o abdômen e o peito, fazendo as costelas inferiores se abrirem na inspiração e se recolherem na exalação. Para fazê-la de forma isolada requer-se bastante treino e controle da respiração. Equivale à 30% do volume de ar que podemos absorver.
- Respiração clavicular ou peitoral: é aquela que movimenta a parte alta do tronco, abrindo e elevando o peito na inspiração, recolhendo-o na exalação. O ar concentra-se na parte mais alta dos pulmões. Esta respiração é a que exige o maior esforço do corpo e corresponde a 10% do volume de ar que podemos absorver. Por exigir mais esforço, está mais presente em momentos de excitação quando o corpo necessita de maior tônus muscular. (Kupfer, 2001, p. 143-158)
Podemos chamar a respiração de completa quando há o movimento destas três áreas, utilizando assim toda a capacidade pulmonar. Neste caso observamos que há movimento tanto na barriga quanto em toda a caixa torácica. Treinar esta forma de respiração contribui para a flexibilização das couraças que envolvem estas áreas do corpo, uma vez que amplia a capacidade de expansão e recolhimento da musculatura em questão.

Exercício para as três áreas de respiração:
Estando na postura ereta, sentado ou deitado, leve as mãos primeiro sobre o abdômen, concentre sua respiração nesta região e procure sentir, com o auxílio das mãos, a barriga se enchendo na inspiração e se recolhendo na exalação. Busque gradualmente expandir este movimento, tornando a respiração cada vez mais lenta e profunda, enchendo cada vez mais a barriga e recolhendo-a cada vez mais. Depois coloque as mãos à altura das costelas, abaixo do peito, com as mãos apontando para o centro. Procure então concentrar sua respiração nesta região, sentindo através das mãos as costelas se abrindo com a inspiração, e se recolhendo com a exalação. Busque expandir gradualmente este movimento. Ao fim, leve as mãos acima do peito, um pouco abaixo das clavículas. Concentre-se nesta região e procure sentir o peito se elevando com a inspiração e declinando com a exalação. Procure fazer pelo menos 10 respirações em cada uma das três áreas.
Agora vamos unir as três áreas. Deixe uma das mãos sobre a barriga e outra sobre o peito. Ao inspirar, concentre-se em encher primeiro a barriga, e gradualmente vá trazendo a consciência e a respiração até o peito enchendo também o peito. Ao exalar, busque sentir primeiro o peito se esvaziando e por último esvazie a barriga. Repita a respiração desta forma por mais alguns ciclos.

As quatro fases da respiração
Passando da anatomia à fisiologia da respiração, podemos dividir o movimento respiratório em quatro momentos distintos, que são:
- Inspiração: movimento de trazer o ar para dentro dos pulmões.
- Pausa com pulmões cheios: momento em que o movimento inspiratório cessa e os pulmões estão carregados de ar.
- Exalação: movimento de expulsar o ar dos pulmões.
- Pausa com pulmões vazios: momento em que a exalação cessa e os pulmões estão destituídos de ar.

Em uma respiração natural e espontânea, o corpo emprega esforço para inspirar (movimento ativo), sendo que para exalar não é necessário esforço (movimento passivo). A inspiração, portanto está associada à força e à excitação, enquanto a exalação está associada ao relaxamento e à quietude. Perceber a alternância entre estes momentos equivale a perceber o movimento de pulsação da vida que resume, em psicologia corporal, a nossa capacidade de sermos saudáveis. Expansão e recolhimento, abrir e fechar, aceitar o que vem, deixar ir o que vai. O movimento respiratório repete o eterno ciclo da vida, onde alternam-se nascimento e morte, encontro e separação, ação e repouso.
Da mesma forma, podemos associar os momentos de pausa com os pulmões cheios e pausa com os pulmões vazios às sensações de ter e o não ter, o estar suprido e o estar em falta.

Exercício: Para experimentar com profundidade cada fase da respiração, podemos exercitá-las da seguinte forma:
1ª. Etapa (inspirar e exalar) - Sente-se com a coluna ereta. Buscando fazer uma contagem mental, tente inspirar durante 4 segundos e exalar durante 4 segundos. Inspire contando até 4 e exale contando até 4, repetindo algumas vezes. Procure perceber sensações, emoções e sentimentos associados a cada movimento de inspiração e a cada movimento de exalação.
2ª. Etapa (inspirar, reter e exalar) - Mantendo a mesma contagem mental, você vai agora inserir a retenção com os pulmões cheios. Inspire em 4 segundos, prenda o ar em 4 segundos, exale em 4 segundos. Repita o processo algumas vezes. Procure perceber sensações, sentimentos ou pensamentos associados a este momento com os pulmões cheios.
3ª. Etapa (inspirar, exalar, reter) - Agora você fará a retenção com os pulmões vazios. Inspire em 4 segundos, exale em 4 segundos, mantenha pulmões vazios por 4 segundos, volte a inspirar em 4 segundos e repita o mesmo procedimento algumas vezes. Procure perceber sensações, sentimentos e pensamentos associados à experiência de ter os pulmões vazios.
4ª. Etapa (inspirar, reter, exalar, reter) - Agora unimos os quatro momentos. Inspire em 4 segundos, retenha o ar por 4 segundos, exale em 4 segundos e permaneça de pulmões vazios por 4 segundos. Repita algumas vezes. Procure sentir esta alternância entre pulmões cheios e vazios, entre o ato de encher-se e esvaziar-se, expandir-se e recolher-se. Procure sentir como este movimento reflete o pulsar da própria vida, que ora nos faz plenos, ora nos esvazia, ora nos faz ganhar, ora nos faz perder.

Lateralidade do corpo e da respiração.

Assim como o nosso corpo se divide em hemisfério direito e esquerdo, também a respiração pode ser observada sobre o ponto de vista da narina direita ou esquerda. Se fizermos uma observação atenta, notaremos que em diferentes momentos uma de nossas narinas se encontra mais aberta, enquanto a outra estará um pouco mais obstruída. Infelizmente as conseqüências destas variações de lateralidades não foram levadas em conta pela ciência da fisiologia no ocidente. Porém vem sendo estudada a milhares de anos no oriente, entre a cultura dos yogues.
Sabemos como o hemisfério cerebral esquerdo, que rege toda a porção direita do corpo, está associado às funções ligadas à lógica e à razão, enquanto o hemisfério cerebral direito, regendo a porção esquerda do corpo, está mais ligado ao sentimento e à intuição. Simbolicamente, a parte direita do corpo (exceto no canhoto) está associada à força, ao controle racional, ao masculino, à ação, à extroversão, ao aspecto solar e ao calor. Os membros do lado direito são sempre os mais desenvolvidos para operar as mais diversas ações, escrever, jogar, lutar, etc… Em oposição, o lado esquerdo está associado à delicadeza, ao feminino, à quietude, à introversão, ao lunar e ao frescor. O lado esquerdo sempre fica mais passivo, participando menos das ações voluntárias empreendidas pelo corpo.
Estas mesmas qualidades estão presentes na atividade respiratória, sendo que a narina esquerda vincula-se a todas as qualidades supracitadas do lado esquerdo do corpo, enquanto a narina direita vincula-se às qualidades do lado direito.
Assim temos:
Respiração pela narina direita: vinculada à ação, ao calor, à extroversão e ao masculino.
Respiração pela narina esquerda: vinculada ao relaxamento, ao frescor, à introversão e ao feminino. (Johari, 1995, p. 31-37)

Exercícios:
1- Respirando pela narina esquerda: Sente-se com a coluna ereta. Levando a mão direita ao rosto, apóie os dedos indicador e médio entre as sobrancelhas e então leve o dedo polegar até a narina direita, obstruindo-a. Permaneça por alguns segundos respirando apenas pela narina esquerda. Busque se concentrar nas sensações desta respiração, bem como procure sentir o que o lado esquerdo do seu corpo representa para você.
2 - Respirando pela narina direita: Agora levando a mão esquerda ao rosto, apóie os dedos indicador e médio entre as sobrancelhas e então leve o dedo polegar à narina esquerda, obstruindo-a. Permaneça por alguns segundos respirando apenas pela narina direita. Busque se concentrar nas sensações desta respiração, bem como procure sentir o que o lado direito do seu corpo representa para você.
3 - Alternando narina esquerda e direita: Agora mantendo a mão direita ou esquerda sobre o rosto (como preferir), apóie novamente os dedos indicador e médio entre as sobrancelhas. Você vai usar o polegar e o anular para obstruir as narinas alternadamente. Obstrua primeiro a narina direita e inspire pela esquerda. Após encher os pulmões, obstrua então a narina e esquerda e exale pela direita. Ao esvaziar-se, volte inspirando pela narina direita e depois exale pela narina esquerda. Repita o ciclo inspirando novamente pela narina esquerda. Durante o exercício, procure sentir esta alternância entre o lado esquerdo e direito do corpo. Perceba se há diferença entre respirar pela narina esquerda e pela direita. Repita o exercício várias vezes ao longo do dia e perceba qual a narina que tende a estar mais predominante em diferentes momentos. Procure então refletir sobre as características supracitadas de cada narina e as suas próprias características psicológicas predominantes. Procure sentir como o exercício o leva gradualmente ao equilíbrio entre ação e repouso, extroversão e introversão, pensamento e sentimento.

Aprofundando e meditando sobre a respiração

Deter-se sobre o movimento da respiração é sem dúvida uma das melhores formas de alcançarmos um sentimento de paz, quietude e serenidade. Na cultura do yoga, a expansão da respiração e a absorção da consciência neste processo sempre foram utilizadas como um veículo para propiciar estados meditativos.
Para concluir gostaria de apresentar um exercício simples que, se praticado com afinco, pode render ao leitor a possibilidade de experiências realmente muito profundas e transformadoras.
Expandindo a respiração ao infinito: Em posição sentada, com a coluna ereta, procure observar a sua respiração por alguns segundos. Concentrando-se então, procure contar mentalmente 4 segundos para inspirar e 4 segundos para exalar. Repita durante algum tempo. Depois procure aumentar a duração do processo, passando a inspirar em 6 segundos e a exalar em 6 segundos. Após um tempo, procure expandir um pouco mais, inspirando em 8 segundos e exalando em 8 segundos. Neste ritmo, continue aumentando gradualmente a contagem e veja o quanto sua respiração pode expandir-se na linha do tempo.

Conclusão
Listamos aqui algumas dentre as infinitas possibilidades de se trabalhar com a respiração. Como podemos ver, o estudo da respiração constitui uma verdadeira ciência, enquanto educar e treinar a própria respiração se trata de uma verdadeira arte, cujas repercussões psicológicas estão ainda longe de serem totalmente conhecidas. Para terminar, cito as palavras de Lowen:
O indivíduo que não respira corretamente reduz a vida do seu corpo. Se não se movimenta livremente, limita a vida de seu corpo. Se não se sente inteiramente, estreita a vida do seu corpo e, se sua auto-expressão é reduzida, o indivíduo terá a vida do seu corpo restringida. (Lowen, 1982, p.38)

Assim, respirar profundamente significa viver profundamente, avançando das cavernas de nossas prisões em direção à luz de nossa própria liberdade.

Marcos Teixeira Elias (Mahamuni das)
Marcos T. Elias (Mahamuni das) é psicólogo (CRP 08/10450) formado pela Universidade Federal do Paraná e especialista em Psicologia Corporal pelo Centro Reichiano de Psicologia Corporal. Professor de Yoga e diretor do centro Gandiva Yoga Ashram. Atualmente dedica-se à integração do conhecimento do Yoga com a Psicologia em sua prática terapêutica.
Email: Mahamuni_das@hotmail.com WWW.GANDIVA.COM.BR

REFERÊNCIAS

JOHARI, H. Chakras: centros energéticos de transformação. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

KUPFER, P. Yoga Prático. Florianópolis: Fundação Dharma, 2001.

LOWEN, A. Bioenergética. São Paulo: Summus Editorial, 1982

VOLPI, J. H.; VOLPI, S. M. Reich: da psicanálise à análise do caráter. Curitiba: Centro Reichiano, 2003ª.

VOLPI, J. H.; VOLPI, S. M. Reich: da vegetoterapia à descoberta da energia orgone. Curitiba: Centro Reichiano, 2003b.

VOLPI, J. H.; VOLPI, S. M. Reich: A análise bioenergética. Curitiba: Centro Reichiano, 2003.

YOGENDRA, S. Hatha Yoga Pradipika. Florianópolis: Instituto Dharma Yogashala, 2002.

Por profundidade da respiração me refiro à capacidade de ampliar o volume de ar inspirado e exalado, bem como prolongar a duração do ciclo respiratório na linha do tempo;

Fonte: www.clarear.net

A Fisiologia da Respiração e o Psiquismo Humano - Marcos T. Elias (Mahamuni das)



Este texto se propõe à análise da fisiologia da respiração, traçando sua correspondência com diferentes estados emocionais e perfis psicológicos. O objetivo é ilustrar como modos particulares de respirar revelam perfis de personalidade, bem como tendências ou estados emocionais específicos. De posse desta análise, a observação da respiração pode se tornar uma excelente ferramenta para a percepção do outro, bem como para o desenvolvimento do próprio autoconhecimento. Da mesma forma, o conhecimento de técnicas específicas de respiração podem se tornar excelentes instrumentos para a transformação de estados mentais, bem como para o desenvolvimento de diferentes qualidades psicológicas. O conteúdo deste texto reúne conhecimentos da Psicologia Corporal e da milenar tradição do Yoga.

Introdução

O presente artigo versa sobre a arte de respirar. Movimento sutil, delicado, muitas vezes despercebido, a respiração é um dos nossos atos mais vitais. Ela acompanha-nos desde o nosso primeiro momento de vida, e há de acompanhar-nos até o último. Por isso se trata de uma grande amiga, uma amiga especial, que em sábios sussurros, é capaz de dizer-nos tudo acerca de nós mesmos. Sabendo ouvi-la bem, eis que também nós podemos nos tornar sábios.

Tudo o que sentimos se expressa em nossa respiração, suspiros profundos de felicidade, suspiros ternos de saudades, ares que tremem com o medo, ares que se afogam no choro. Emoções e sentimentos se medem pelo movimento que o ar faz ao dançar sobre a melodia que o corpo toca. Se a melodia é alegre, é calma, é forte, triste, desesperadora, fará com que o ar dance de maneiras diferentes. Mas pode acontecer também que a dança do ar, em coreografia estudada, em arte polida, solicite ao corpo a melodia que lhe é mais adequada para a sua dança.

O que quero dizer com isso é simples: é que assim como o que sentimos afeta diretamente a nossa maneira de respirar, a maneira como nos educamos a respirar pode modificar as coisas que sentimos, ou a maneira como as sentimos. Assim, ouvir a respiração é uma arte, e saber respirar é poder escolher a música que mais nos agrada ouvir.

Em um texto da antiga tradição do Yoga encontramos a afirmação de que “o prana é o senhor da mente” (yogendra, 2002, p.80). A palavra Prana denota a energia vital, que segundo a tradição do yoga, tem como sua expressão máxima no ser humano o ato da respiração. Assim, o aforismo nos diz que a energia vital manifesta na respiração é a base da atividade da mente, e que por isso as modificações da mente são acompanhadas de modificações da respiração, e por sua vez, as modificações da respiração promovem modificações na mente.

A mente e o prana estão relacionados entre si como o leite e a água, sendo suas atividades coincidentes, se houver movimento de prana, haverá movimento mental; se houver atividade mental, haverá movimento de prana. (Yogendra, 2002, p. 79)

Esta afirmação é algo empiricamente comprovável para todo aquele que se detiver em observar esta união entre mente e alento vital. Desta forma, devemos tomá-la como uma lei básica para entendermos a psicologia da respiração.
Alexander Lowen, criador da corrente contemporânea de psicologia corporal chamada Bioenergética, parece concordar com este postulado. Ao descrever a respiração de indivíduos em diferentes condições, expressa como um indivíduo deprimido apresenta um “rebaixamento de todas as suas funções energéticas: a respiração está diminuída, o apetite e o impulso sexual debilitados” (Lowen, 1982, p.42). Por sua vez, afirma como o “prazer e satisfação estimulam o organismo a aumentar sua atividade metabólica, que imediatamente se reflete em uma respiração mais profunda e plena”. (Lowen, 1982, p.43)

Se continuarmos a estudar as relações entre estados emocionais e respiração, podemos extrair daí muitas leis do funcionamento natural do organismo.
Tomemos, por exemplo, o critério da profundidade da respiração. Se observarmos a fisiologia natural do corpo, notaremos como junto à manifestação de emoções como o medo intenso, o pânico ou a raiva, por exemplo, a respiração tende tornar-se mais rápida e superficial, eventualmente podendo ser completamente bloqueada ou retida. O extremo inverso acontece quando sentimentos opostos se manifestam, em estados de profunda paz, de amorosidade ou de segurança, a respiração tende a tornar-se mais profunda, lenta e desobstruída. Disso extraímos a lei de que sentimentos experimentados como prazerosos são acompanhados de uma respiração profunda e desobstruída, ao passo que sentimentos desprazerosos são acompanhados de uma respiração superficial e “travada”.

Tomando como base a influência mútua entre os estados mentais e a respiração, poderíamos sugerir que não apenas a experiência dos estados emocionais supracitados determina a condição da respiração, mas que também tais estados mentais podem ser criados ou modificados se voluntariamente trabalhássemos com seu padrão de respiração correspondente. Por exemplo, se queremos que um indivíduo se dirija de um estado de medo a um estado de paz, atuar sobre sua respiração modificando-a de uma condição superficial para uma respiração mais lenta e profunda demonstra ser uma prática de extrema eficácia. Segundo a tradição antiga do Yoga, todos os estados de profunda meditação, onde prevalecem a paz e a serenidade, são preparados através de exercícios respiratórios (pranayamas) que conduzem o praticante a alcançar sua capacidade plena de respirar e manter sua respiração em nível profundo e perfeitamente regular, sem oscilações. Este trabalho sobre a respiração abre ao meditante a possibilidade de observar suas emoções conscientemente e conscientemente apaziguá-las, libertando-o de suas influências nocivas e abrindo espaço para o estado de paz.

Segundo a Bioenergética, existe uma identidade fundamental entre respiração e emoção. Esta identidade é expressa na observação de que a repressão de sentimentos ocorre a nível fisiológico pela própria repressão ou contenção da respiração:
Para garantir a própria sobrevivência sob a égide do amor parental, a melhor forma que o corpo encontra para reprimir as “emoções proibidas” é contendo a respiração. Fisiologicamente, conter a respiração diminui todo o metabolismo do organismo, que, com isso, também tem sua sensibilidade diminuída. (Volpi e Volpi, 2003, p.15)

Deste modo, se queremos resgatar emoções reprimidas, um dos recursos utilizados pela Bioenergética é o de voluntariamente aumentar a profundidade da respiração, criando assim uma ponte de acesso às camadas mais profundas da mente onde os sentimentos mais profundos estão guardados.
Disto extraímos uma outra lei, que é a de que a expansão da respiração equivale à expansão da consciência, sendo o oposto igualmente verdadeiro, a retração da respiração equivale à diminuição da consciência. Deste modo, a expansão da respiração pode ser usada como instrumento para trazer conteúdos inconscientes para a consciência, uma vez que amplia o alcance desta última.
Segundo Volpi e Volpi:
Reduzir a absorção de oxigênio mantém as emoções sob controle, mas, conseqüentemente, reduz a energia vital da pessoa. Recuperar o nível dessa energia é fundamental para que seja possível liberar os bloqueios à expressão das emoções. (Volpi e Volpi, 2003, p.15)

Passando agora para uma apresentação mais prática, proponho-me a descrever de forma didática, sistemática, quase que dissecada - como fazem os anatomistas - quais são os diferentes estágios e as diferentes vias pelas quais a respiração ocorre. O objetivo final é apresentar algumas técnicas de respiração que podem ser empregadas para fins terapêuticos e principalmente, para o auto-conhecimento.

As três áreas de respiração
Vamos ao corpo humano, este belo instrumento da natureza está em constante movimento de troca com o mundo. Por mais que estejamos parados, há uma parte dele que nunca para, se olhamos para baixo, podemos notar que nosso abdômen e nossa caixa torácica estão em eterno pulsar, por mais sutil e superficial que este seja. Se assim não fosse, não estaríamos vivos. Em termos gerais, o movimento da respiração abrange desde a parte mais baixa do nosso ventre até a parte mais alta do peito, e de forma menos perceptível, movimenta também a garganta assim como as narinas.

De forma didática, poderíamos dividir o movimento respiratório em três áreas do corpo:
- Respiração abdominal ou diafragmática: é aquela que acentua o movimento na parte baixa da barriga, fazendo a barriga crescer com a inspiração e recolher-se na exalação. O ar concentra-se na parte baixa dos pulmões. Esta respiração é a que exige menos esforço e corresponde à aproximadamente 60% do ar que podemos absorver. É predominante em estados de descanso, relaxamento e durante o sono.
- Respiração intercostal ou média: é aquela que movimenta a região intermediária entre o abdômen e o peito, fazendo as costelas inferiores se abrirem na inspiração e se recolherem na exalação. Para fazê-la de forma isolada requer-se bastante treino e controle da respiração. Equivale à 30% do volume de ar que podemos absorver.
- Respiração clavicular ou peitoral: é aquela que movimenta a parte alta do tronco, abrindo e elevando o peito na inspiração, recolhendo-o na exalação. O ar concentra-se na parte mais alta dos pulmões. Esta respiração é a que exige o maior esforço do corpo e corresponde a 10% do volume de ar que podemos absorver. Por exigir mais esforço, está mais presente em momentos de excitação quando o corpo necessita de maior tônus muscular. (Kupfer, 2001, p. 143-158)
Podemos chamar a respiração de completa quando há o movimento destas três áreas, utilizando assim toda a capacidade pulmonar. Neste caso observamos que há movimento tanto na barriga quanto em toda a caixa torácica. Treinar esta forma de respiração contribui para a flexibilização das couraças que envolvem estas áreas do corpo, uma vez que amplia a capacidade de expansão e recolhimento da musculatura em questão.

Exercício para as três áreas de respiração:
Estando na postura ereta, sentado ou deitado, leve as mãos primeiro sobre o abdômen, concentre sua respiração nesta região e procure sentir, com o auxílio das mãos, a barriga se enchendo na inspiração e se recolhendo na exalação. Busque gradualmente expandir este movimento, tornando a respiração cada vez mais lenta e profunda, enchendo cada vez mais a barriga e recolhendo-a cada vez mais. Depois coloque as mãos à altura das costelas, abaixo do peito, com as mãos apontando para o centro. Procure então concentrar sua respiração nesta região, sentindo através das mãos as costelas se abrindo com a inspiração, e se recolhendo com a exalação. Busque expandir gradualmente este movimento. Ao fim, leve as mãos acima do peito, um pouco abaixo das clavículas. Concentre-se nesta região e procure sentir o peito se elevando com a inspiração e declinando com a exalação. Procure fazer pelo menos 10 respirações em cada uma das três áreas.
Agora vamos unir as três áreas. Deixe uma das mãos sobre a barriga e outra sobre o peito. Ao inspirar, concentre-se em encher primeiro a barriga, e gradualmente vá trazendo a consciência e a respiração até o peito enchendo também o peito. Ao exalar, busque sentir primeiro o peito se esvaziando e por último esvazie a barriga. Repita a respiração desta forma por mais alguns ciclos.

As quatro fases da respiração
Passando da anatomia à fisiologia da respiração, podemos dividir o movimento respiratório em quatro momentos distintos, que são:
- Inspiração: movimento de trazer o ar para dentro dos pulmões.
- Pausa com pulmões cheios: momento em que o movimento inspiratório cessa e os pulmões estão carregados de ar.
- Exalação: movimento de expulsar o ar dos pulmões.
- Pausa com pulmões vazios: momento em que a exalação cessa e os pulmões estão destituídos de ar.

Em uma respiração natural e espontânea, o corpo emprega esforço para inspirar (movimento ativo), sendo que para exalar não é necessário esforço (movimento passivo). A inspiração, portanto está associada à força e à excitação, enquanto a exalação está associada ao relaxamento e à quietude. Perceber a alternância entre estes momentos equivale a perceber o movimento de pulsação da vida que resume, em psicologia corporal, a nossa capacidade de sermos saudáveis. Expansão e recolhimento, abrir e fechar, aceitar o que vem, deixar ir o que vai. O movimento respiratório repete o eterno ciclo da vida, onde alternam-se nascimento e morte, encontro e separação, ação e repouso.
Da mesma forma, podemos associar os momentos de pausa com os pulmões cheios e pausa com os pulmões vazios às sensações de ter e o não ter, o estar suprido e o estar em falta.

Exercício: Para experimentar com profundidade cada fase da respiração, podemos exercitá-las da seguinte forma:
1ª. Etapa (inspirar e exalar) - Sente-se com a coluna ereta. Buscando fazer uma contagem mental, tente inspirar durante 4 segundos e exalar durante 4 segundos. Inspire contando até 4 e exale contando até 4, repetindo algumas vezes. Procure perceber sensações, emoções e sentimentos associados a cada movimento de inspiração e a cada movimento de exalação.
2ª. Etapa (inspirar, reter e exalar) - Mantendo a mesma contagem mental, você vai agora inserir a retenção com os pulmões cheios. Inspire em 4 segundos, prenda o ar em 4 segundos, exale em 4 segundos. Repita o processo algumas vezes. Procure perceber sensações, sentimentos ou pensamentos associados a este momento com os pulmões cheios.
3ª. Etapa (inspirar, exalar, reter) - Agora você fará a retenção com os pulmões vazios. Inspire em 4 segundos, exale em 4 segundos, mantenha pulmões vazios por 4 segundos, volte a inspirar em 4 segundos e repita o mesmo procedimento algumas vezes. Procure perceber sensações, sentimentos e pensamentos associados à experiência de ter os pulmões vazios.
4ª. Etapa (inspirar, reter, exalar, reter) - Agora unimos os quatro momentos. Inspire em 4 segundos, retenha o ar por 4 segundos, exale em 4 segundos e permaneça de pulmões vazios por 4 segundos. Repita algumas vezes. Procure sentir esta alternância entre pulmões cheios e vazios, entre o ato de encher-se e esvaziar-se, expandir-se e recolher-se. Procure sentir como este movimento reflete o pulsar da própria vida, que ora nos faz plenos, ora nos esvazia, ora nos faz ganhar, ora nos faz perder.

Lateralidade do corpo e da respiração.

Assim como o nosso corpo se divide em hemisfério direito e esquerdo, também a respiração pode ser observada sobre o ponto de vista da narina direita ou esquerda. Se fizermos uma observação atenta, notaremos que em diferentes momentos uma de nossas narinas se encontra mais aberta, enquanto a outra estará um pouco mais obstruída. Infelizmente as conseqüências destas variações de lateralidades não foram levadas em conta pela ciência da fisiologia no ocidente. Porém vem sendo estudada a milhares de anos no oriente, entre a cultura dos yogues.
Sabemos como o hemisfério cerebral esquerdo, que rege toda a porção direita do corpo, está associado às funções ligadas à lógica e à razão, enquanto o hemisfério cerebral direito, regendo a porção esquerda do corpo, está mais ligado ao sentimento e à intuição. Simbolicamente, a parte direita do corpo (exceto no canhoto) está associada à força, ao controle racional, ao masculino, à ação, à extroversão, ao aspecto solar e ao calor. Os membros do lado direito são sempre os mais desenvolvidos para operar as mais diversas ações, escrever, jogar, lutar, etc… Em oposição, o lado esquerdo está associado à delicadeza, ao feminino, à quietude, à introversão, ao lunar e ao frescor. O lado esquerdo sempre fica mais passivo, participando menos das ações voluntárias empreendidas pelo corpo.
Estas mesmas qualidades estão presentes na atividade respiratória, sendo que a narina esquerda vincula-se a todas as qualidades supracitadas do lado esquerdo do corpo, enquanto a narina direita vincula-se às qualidades do lado direito.
Assim temos:
Respiração pela narina direita: vinculada à ação, ao calor, à extroversão e ao masculino.
Respiração pela narina esquerda: vinculada ao relaxamento, ao frescor, à introversão e ao feminino. (Johari, 1995, p. 31-37)

Exercícios:
1- Respirando pela narina esquerda: Sente-se com a coluna ereta. Levando a mão direita ao rosto, apóie os dedos indicador e médio entre as sobrancelhas e então leve o dedo polegar até a narina direita, obstruindo-a. Permaneça por alguns segundos respirando apenas pela narina esquerda. Busque se concentrar nas sensações desta respiração, bem como procure sentir o que o lado esquerdo do seu corpo representa para você.
2 - Respirando pela narina direita: Agora levando a mão esquerda ao rosto, apóie os dedos indicador e médio entre as sobrancelhas e então leve o dedo polegar à narina esquerda, obstruindo-a. Permaneça por alguns segundos respirando apenas pela narina direita. Busque se concentrar nas sensações desta respiração, bem como procure sentir o que o lado direito do seu corpo representa para você.
3 - Alternando narina esquerda e direita: Agora mantendo a mão direita ou esquerda sobre o rosto (como preferir), apóie novamente os dedos indicador e médio entre as sobrancelhas. Você vai usar o polegar e o anular para obstruir as narinas alternadamente. Obstrua primeiro a narina direita e inspire pela esquerda. Após encher os pulmões, obstrua então a narina e esquerda e exale pela direita. Ao esvaziar-se, volte inspirando pela narina direita e depois exale pela narina esquerda. Repita o ciclo inspirando novamente pela narina esquerda. Durante o exercício, procure sentir esta alternância entre o lado esquerdo e direito do corpo. Perceba se há diferença entre respirar pela narina esquerda e pela direita. Repita o exercício várias vezes ao longo do dia e perceba qual a narina que tende a estar mais predominante em diferentes momentos. Procure então refletir sobre as características supracitadas de cada narina e as suas próprias características psicológicas predominantes. Procure sentir como o exercício o leva gradualmente ao equilíbrio entre ação e repouso, extroversão e introversão, pensamento e sentimento.

Aprofundando e meditando sobre a respiração

Deter-se sobre o movimento da respiração é sem dúvida uma das melhores formas de alcançarmos um sentimento de paz, quietude e serenidade. Na cultura do yoga, a expansão da respiração e a absorção da consciência neste processo sempre foram utilizadas como um veículo para propiciar estados meditativos.
Para concluir gostaria de apresentar um exercício simples que, se praticado com afinco, pode render ao leitor a possibilidade de experiências realmente muito profundas e transformadoras.
Expandindo a respiração ao infinito: Em posição sentada, com a coluna ereta, procure observar a sua respiração por alguns segundos. Concentrando-se então, procure contar mentalmente 4 segundos para inspirar e 4 segundos para exalar. Repita durante algum tempo. Depois procure aumentar a duração do processo, passando a inspirar em 6 segundos e a exalar em 6 segundos. Após um tempo, procure expandir um pouco mais, inspirando em 8 segundos e exalando em 8 segundos. Neste ritmo, continue aumentando gradualmente a contagem e veja o quanto sua respiração pode expandir-se na linha do tempo.

Conclusão
Listamos aqui algumas dentre as infinitas possibilidades de se trabalhar com a respiração. Como podemos ver, o estudo da respiração constitui uma verdadeira ciência, enquanto educar e treinar a própria respiração se trata de uma verdadeira arte, cujas repercussões psicológicas estão ainda longe de serem totalmente conhecidas. Para terminar, cito as palavras de Lowen:
O indivíduo que não respira corretamente reduz a vida do seu corpo. Se não se movimenta livremente, limita a vida de seu corpo. Se não se sente inteiramente, estreita a vida do seu corpo e, se sua auto-expressão é reduzida, o indivíduo terá a vida do seu corpo restringida. (Lowen, 1982, p.38)

Assim, respirar profundamente significa viver profundamente, avançando das cavernas de nossas prisões em direção à luz de nossa própria liberdade.

Marcos Teixeira Elias (Mahamuni das)
Marcos T. Elias (Mahamuni das) é psicólogo (CRP 08/10450) formado pela Universidade Federal do Paraná e especialista em Psicologia Corporal pelo Centro Reichiano de Psicologia Corporal. Professor de Yoga e diretor do centro Gandiva Yoga Ashram. Atualmente dedica-se à integração do conhecimento do Yoga com a Psicologia em sua prática terapêutica.
Email: Mahamuni_das@hotmail.com WWW.GANDIVA.COM.BR

REFERÊNCIAS

JOHARI, H. Chakras: centros energéticos de transformação. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.

KUPFER, P. Yoga Prático. Florianópolis: Fundação Dharma, 2001.

LOWEN, A. Bioenergética. São Paulo: Summus Editorial, 1982

VOLPI, J. H.; VOLPI, S. M. Reich: da psicanálise à análise do caráter. Curitiba: Centro Reichiano, 2003ª.

VOLPI, J. H.; VOLPI, S. M. Reich: da vegetoterapia à descoberta da energia orgone. Curitiba: Centro Reichiano, 2003b.

VOLPI, J. H.; VOLPI, S. M. Reich: A análise bioenergética. Curitiba: Centro Reichiano, 2003.

YOGENDRA, S. Hatha Yoga Pradipika. Florianópolis: Instituto Dharma Yogashala, 2002.

Por profundidade da respiração me refiro à capacidade de ampliar o volume de ar inspirado e exalado, bem como prolongar a duração do ciclo respiratório na linha do tempo;

Fonte: www.clarear.net

segunda-feira, 24 de agosto de 2009



Como você se sentiria se, em dado momento, sua lucidez lhe desvendasse a realidade da miséria humana? Tortura, fome, morte, dor, perda, carência, sujeira.

Você construiu seu mundo protegido, provido de todos os confortos de uma existência digna. Você lutou muito, estudou, trabalhou, criou seus filhos (hoje sua maior realização, motivo de orgulho e auto-estima). Você merece vivenciar as coisas bonitas, limpeza, arte, a boa mesa e os bons vinhos. Champagne. Você gosta da sua vida, está protegido. É um espectador da realidade. Da janela de seu carro, ou de seu táxi, ou mesmo do ônibus, você vê a miséria. Os mendigos que dormem na rua enquanto você vai para o trabalho. Os pedintes, os corpos cobertos de lona negra aguardando o IML. As balas perdidas na favela, a fome. A violência que fervilha à sua porta, tão perto, distante do mundo que você construiu. Não. Você não é um alienado, você sabe de tudo o que está acontecendo à sua volta. Compadece-se, mas nada pode fazer, a vida é assim; para alguns é mais fácil e para muitos, impossível. Você sozinho não pode fazer nada. É um problema de políticas públicas.

Mas suponhamos que num dado momento você acesse a realidade, não como espectador, não no conforto do seu quarto, da sua casa, do seu carro, do seu trabalho. Mas “in loco”. Você decide viver uma semana na favela, junto ao povo, sentindo o seu cheiro, sua fome, ouvindo sua linguagem, presenciando a tortura, a morte. Vamos supor que isso seja possível – que você queira essa experiência – já imaginou quais seriam as conseqüências? Você poderia retornar à sua vida estruturada e segura? Como seria para sua alma?

O filme “The Fever” aborda justamente esta questão.

É um filme denso, uma “pancada” na boca do estômago.
Não é uma abordagem a partir das injustiças sociais, pelo contrário, a abordagem é a partir de uma mulher madura, realizada, burguesa nos gostos e na existência. No entanto é uma mulher inteligente e sensível – apesar de toda a proteção que sempre teve da família, dos amigos e dos vizinhos (segundo ela mesma acredita).
Mas na próxima esquina, no momento de ir ao supermercado para abastecer a casa. Na hora de escolher a roupa que se usará para aquele encontro. No crepúsculo do dia, quando a cama é o destino. Tudo se perde, o sentido de sobrevivência é muito forte, precisamos viver, precisamos conviver, de preferência sem a dor.

E, com o cessar da febre, você retorna à segurança de seu mundo. Não é seu o problema. Mas tudo será da mesma forma? Você está limpo? Até que ponto foi contaminado pela convivência com a miséria?

Após assistir às belíssimas imagens, vivenciar a metáfora da descoberta (seu corpo ensangüentado, torturado e preso), quando surge na tela aquelas letrinhas pequenas que nos deixam perdidos, sem saber o que fazer nos próximos segundos, fica a questão, a pergunta milenar, a dúvida, o medo, a insegurança. O que fazer?

Fonte: Analia Maia

sábado, 22 de agosto de 2009

Áreas de Atuação do Psicólogo



As áreas de atuação da Psicologia são várias, sendo em muitas delas auxiliadas por outros campos do conhecimento humano, como a Sociologia, a Pedagogia, a Medicina, entre outros. As principais áreas são:

Neurociências
Psicologia Ambiental
Psicologia Aplicada
Psicologia Clínica
Psicologia Comparada
Psicologia Comunitária
Psicologia da Forma (Psicologia da Gestalt)
Psicologia da Saúde
Psicologia Diferencial
Psicologia do Desenvolvimento
Psicologia dos Grupos
Psicologia do Trabalho
Psicologia Econômica
Psicologia Educacional
Psicologia Esportiva
Psicologia Experimental
Psicologia Forense
Psicologia Hospitalar
Psicologia Industrial
Psicologia Integral
Psicologia Jurídica
Psicologia Metafísica
Psicologia Organizacional
Psicologia Social
Psicometria
Psicopatologia
Sexologia

Nosso Comportamento Animal advém do nosso Instinto?



Vôlei aquático

Os polvos são os animais invertebrados mais inteligentes que conhecemos. Eles são hábeis no uso de ferramentas e criativos na solução de problemas. Também têm personalidades bem definidas. “No aquário onde eu trabalho, temos a Emily Dickinson, que fica encolhida no tanque, e a Lucretia McEvil, que puxa para a água quem se aproxima”, diz o biólogo Roland Anderson. Há indícios de que eles também brincam. Ao analisar a reação dos animais diante de uma garrafinha de plástico vazia, Anderson percebeu que eles gostam de usar jatos de água para jogar o objeto para cima continuamente, como se estivessem praticando vôlei. Essas capacidades desafiam a tese de que a inteligência é desenvolvida em sociedade. Afinal, polvos são solitários e só vivem dois anos em média, pouco tempo para acumular experiências.A resposta para a grande inteligência dos polvos pode estar no lugar onde eles se desenvolveram: grandes bancos de corais, cheios de predadores e com várias opções de alimentos. “Os humanos também surgiram em um ambiente perigoso e cheio de possibilidades”, diz Anderson. “Por causa dessa similaridade, a inteligência dos polvos pode nos ajudar a entender a nossa.”

Diferenças sutis
AS 6 BARREIRAS QUE JÁ CAÍRAM...

Memória

Ovelhas e várias espécies de pássaros têm uma ótima memória visual. Entre os esquilos, ela é rapidamente ativada por cheiros. Ratos de laboratório que sentiram náusea por causa de uma mistura de limão e cloreto de lítio passam o resto da vida evitando qualquer coisa que tenha cheiro de limão.

Personalidade

Parte dos cientistas prefere falar em temperamento. Mas a nomenclatura é o que menos importa. O fato é que indivíduos de dezenas de espécies seguem, cada um, um padrão de comportamento. Um animal agressivo se comporta sempre com agressividade. Portanto, é possível que ele tenha identidade.

Mundo Interior

Assim como os humanos, vários animais nascem com uma tendência de comportamento, que se firma ou muda com o passar do tempo. Quando o ambiente entra em conflito com a personalidade, surge a frustração, que pode provocar ansiedade e depressão. Isso acontece conosco, mas também com várias espécies.

Consciência

Alguns testes apontam que golfinhos e grandes primatas têm consciência de si mesmos. Baseados nessas pesquisas, pesquisadores defendem que os primatas podem controlar seus impulsos. Há quem vá ainda mais longe e defenda que eles têm capacidade de imaginar o que outro animal está pensando.

Linguagem funcional

Tudo indica que, ao contrário de nós, os animais usam a linguagem de forma apenas funcional, para ajudar na busca por alimento, na reprodução ou na fuga de predadores. Mas as pesquisas mais recentes indicam que esses sistemas de comunicação pode ser bem mais desenvolvidos do que se pensava.

Cultura

Humanos, orangotangos e chimpanzés sustentam tradições culturais, desenvolvidas de acordo com o local e repassadas de geração em geração. Pesquisadores brasileiros desconfiam que esse seja o caso dos macacos-prego. Entre os golfinhos-nariz-de-garrafa, as mães ensinam os filhotes a caçar.

... E DUAS QUE CONTINUAM FIRMES.

Linguagem artística

Até onde sabemos, até hoje nenhum cachorro escreveu uma sinfonia, os orangotangos não conseguem programar um computador e as abelhas são incapazes de fofocar. Além de muito mais rica, a linguagem humana nos ajudou a criar a organização social mais complexa de que se tem notícia.

Visão do futuro

Orangotangos e macacos bonobos - e, desconfia-se, algumas espécies de aves – armazenam alimentos para garantir que eles não faltem no futuro. Mas, até onde as pesquisas alcançam, nem mesmo os grandes primatas pensam no futuro a longo prazo. Só nós temos a capacidade de pensar na nossa própria morte.

Trauma de infância

O vilarejo de Bunyaruguru, em Uganda, sempre conviveu bem com os elefantes. Mas, nos últimos anos, o lugar começou a ser atacado por manadas enfurecidas. Casos parecidos são reportados em toda a África e em algumas regiões da Índia. Ao avaliar o fenômeno, dois grupos independentes de pesquisadores chegaram a conclusões parecidas. Não se trata de busca por alimento. As agressões são uma reação à morte de elefantes adultos. Nos últimos 30 anos, a caçada a elefantes aumentou demais, e os elefantes órfãos cresceram muito mais agressivos do que seus pais. “Esses animais que perderam as mães em caçadas são muito sensíveis e sofrem estresse pós-traumático. Eles formaram gangues de adolescentes delinqüentes”, explica o biólogo norueguês Joyce Poole, que coordenou o estudo na África.

"Somos animais"

Com o livro Libertação Animal, de 1975, o filósofo australiano Peter Singer virou guru dos movimentos mais radicais de defesa dos direitos dos animais. Singer, que está com 59 anos e é professor de bioética em Princeton, falou a SAPIENS:

O que nos diferencia dos animais?

Todos nós somos animais. Podemos usar a linguagem de uma forma que nenhuma outra espécie faz, mas as similaridades entre nós e o resto do mundo animal são muito maiores do que as diferenças. Os grandes primatas são tão parecidos conosco, em termos biológicos e psicológicos, que deveriam ter direito à vida e a não serem agredidos sob nenhum pretexto. Na Espanha, um projeto de lei nesses termos já está tramitando no Congresso.

Nós valemos o mesmo que um rato?

Podemos dominar o planeta, mas nunca deixamos de ser apenas uma espécie coexistindo com outras milhares. Mas isso não significa que a vida de um rato vale tanto quanto a de um homem. O indivíduo mais importante é aquele com maior capacidade de sentir dor e com mais condições de pensar no futuro. Quem pensa na própria morte tem mais a perder.

Não podemos matar os animais?

Podemos, dependendo da situação. Mais importante do que matá-los ou não é garantir que seus direitos sejam respeitados em vida. Eles não podem sofrer, de forma alguma, enquanto estão vivos. Mas, em sociedades em que os animais são a única alternativa a morrer de fome, matá-los pode ser aceitável.


Nomes próprios

Para manter a comunidade reunida no fundo do mar, os golfinhos usam assovios que incluem informações repetidas. Já se sabia que cada indivíduo tem uma vocalização única, e que eles são capazes de copiar os assovios dos outros, mas ninguém tinha certeza da utilidade disso. Até que uma pesquisa com golfinhos-nariz-de-garrafa da Flórida chegou à conclusão de que, quando assoviam, os golfinhos estão chamando uns aos outros pelo nome. Para saber se os animais se orientavam pela voz do parente ou se aquele conjunto de sons formava uma palavra, os pesquisadores reproduziram os assovios mecanicamente. Quando o código correspondia a um parente, os golfinhos se voltavam na direção dos alto-falantes. É a primeira vez que o uso de nomes próprios é identificado em animais não humanos. Os golfinhos dessa espécie também parecem ser capazes de usar ferramentas e transmitir conhecimento.

Vale a pena ler

• A Vida dos Animais, J.M. Coetzee, Companhia das Letras, São Paulo, 2003

• Do Animals Think?, Clive Wynne, Princeton University Press, EUA, 2004

• A Expressão das Emoções nos Homens e nos Animais, Charles Darwin, Companhia das Letras, São Paulo, 2000

domingo, 16 de agosto de 2009

Associação Americana de Psicologia repudia 'conversão' de gay para hétero




A Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês) declarou nesta quarta-feira (5) que profissionais de saúde mental não devem dizer a seus pacientes gays que eles podem se tornar heterossexuais por meio de terapia ou outra forma de tratamento. A orientação da entidade, específica para aqueles que atendem pessoas com conflitos entre sua orientação sexual e suas crenças religiosas, é que consideram opções múltiplas, que vão da adoção do celibato até a pura e simples troca da igreja que frequentam.

A resolução com esses princípios foi aprovada por 125 votos contra 4 durante convenção da APA, realizada este ano em Toronto, no Canadá, até domingo (9). Em um relatório baseado em dois anos de pesquisas, os 150 profissionais afiliados manifestaram firme oposição à chamada “terapia reparadora”, que busca a mudança de orientação sexual. O texto afirma que não há evidência sólida de que essa mudança seja possível. Alguns estudos, o relatório ressalta, sugerem até mesmo que esse tipo de esforço pode induzir à depressão e a tendências suicidas. “Quem atende deve ajudar seus pacientes por meio de terapias (…) que envolvam aceitação, apoio e exploração de identidade, sem imposição de uma identidade específica”, diz o documento.

Comitê avaliou 83 pesquisas produzidas desde os anos 60.
Entidade sugere ponderação para orientar homossexuais religiosos.

A APA já havia criticado as terapia de mudança de orientação sexual no passado, mas uma força-tarefa de seis membros da entidade, liderada por Judith Glassgold, de New Jersey, conferiu mais peso a essa posição, analisando 83 estudos sobre orientação sexual conduzidos desde 1960. As conclusões desse comitê revisor foram endossadas oficialmente pela direção da entidade.

O relatório trata com detalhes a questão de como terapeutas devem lidar com pacientes gays que lutam para permanecer fiéis a crenças religiosas que desaprovem a homossexualidade.

Segundo Judith, a esperança é de que o documento ajude a desarmar o debate polarizado entre religiosos conservadores que creem na possibilidade de mudar a orientação sexual e os muitos profissionais da área de saúde mental que rejeitam essa opção. “Os dois lados precisam se educar melhor”, disse a especialista. “Os psicoterapeutas religiosos precisam abrir seus olhos para os potenciais aspectos positivos de ser gay ou lésbica. Terapeutas não religiosos precisam reconhecer que algumas pessoas podem dar preferência a sua religião, em detrimento de sua sexualidade.”

Brasil

No final do mês passado, o Conselho Federal de Psicologia decidiu aplicar uma censura pública como punição à psicóloga Rozângela Alves Justino, que oferecia terapia para que gays e lésbicas deixassem de ser homossexuais. O órgão concluiu que a profissional infringiu o Código de Ética da Psicologia e uma resolução do conselho, de 1999, segundo a qual a “homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”.

Rozângela confirmou ao G1 que considera o homossexualidade um distúrbio, provocado principalmente por abusos e traumas sofridos durante a infância. Ela atua como psicóloga há 28 anos e diz ter "aliviado o sofrimento" de vários homossexuais. “Estou me sentindo amordaçada e impedida de ajudar as pessoas que, voluntariamente, desejam largar a atração por pessoas do mesmo sexo", disse.

Para Léo Mendes, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), “uma psicóloga não pode aplicar princípios religiosos nos tratamentos que oferece como profissional".

O Conselho Federal de Psicologia decidiu nesta sexta-feira (31) aplicar uma censura pública como punição à psicóloga Rozângela Alves Justino, que oferecia terapia para que gays e lésbicas deixassem de ser homossexuais.

De acordo com a decisão, ela infringiu o Código de Ética da Psicologia e uma resolução do conselho, de 1999, segundo a qual a “homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. Segundo o Conselho Federal de Psicologia, Rozângela demonstrou tratar a homossexualidade como uma doença ao oferecer terapia para que gays passassem a ser heterossexuais.

Em 2007, uma ONG de defesa dos direitos de homossexuais, sediada em Nova Iguaçu, entrou com um representação no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro pedindo a cassação do registro profissional da psicóloga. O conselho decidiu por uma censura pública. A psicóloga recorreu, então, ao Conselho Federal de Psicologia, que manteve a punição. A censura vai ser divulgada em jornais e no Diário Oficial da União.

O outro lado

Rozângela Justino confirmou ao G1 que considera o homossexualidade um distúrbio, provocado principalmente por abusos e traumas sofridos durante a infância. Ela atua como psicóloga há 28 anos e diz ter "aliviado o sofrimento" de vários homossexuais.

“Estou me sentindo amordaçada e impedida de ajudar as pessoas que, voluntariamente, desejam largar a atração por pessoas do mesmo sexo", disse Rozângela.

O advogado da psicóloga, Paulo Fernando Melo Costa, disse que vai recorrer da decisão na Justiça, já que não cabem mais recursos administrativos.

Associações que atuam em defesa dos homossexuais comemoraram a decisão."Uma psicóloga não pode aplicar princípios religiosos nos tratamentos que oferece como profissional. Por isso, fizemos um abaixo assinado para que o conselho mantivesse a censura pública", disse Léo Mendes, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

Fonte: Globo.com

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Disso:



Para isso:




Fazendo um constraste com as terapias psicológicas oferecemos outra dimensão de tratamento:

Enquanto a psicologia atua com as desordens mentais e seus efeitos no ser, o Yoga é um sistema completo de saúde para todas as realidade do individuo.

Enquanto a psicologia tem como objeto a mente, o Yoga tem como objeto o Ser.

Enquanto a psicologia tenta fortelecer o ego e afirmação da individualidade, o Yoga destrói o ego e entrega-se à consciência universal de que somo todos um.

Enquanto a psicologia organiza e fortalece os discursos da mente, o Yoga silencia a mente com a meditação.

Enquanto a psicologia trata a personalidade e identidade, o Yoga despersonaliza e trabalha a não indentidade do Ser.

Enquanto a psicologia tráz à tona assuntos inconscientes, o Yoga faxina o inconsciente e purifica-o dos "lixos" que acumulamos ao longo da vida.

Enquantoa psicologia visa desreprimir o desejo, o Yoga liberta-o do desejo e neutraliza-o (Buda disse: " A origem de todo o sofrimento é o apego às coisas, o desejo de possuir...").

Enquanto a psicologia utiliza a tomada de consciência e mudança de comportamento, o Yoga harmoniza seus pensamentos, palavras, gestos e higieniza-o em todos os níveis.

Enquanto a psicologia separa em partes distintas, o Yoga unifica-os e transcede.

Enquanto a psicologia contrapõe sujeito e objeto, o Yoga transcede a dualidade.

Enquanto a psicologia adquire conhecimento observando os doentes, o Yoga adquire-o pela observação de homens santos.


"Não se apresse em acreditar em nada, mesmo se estiver escrito nas escrituras sagradas. Não se apresse em acreditar em nada só porque um professor famoso que disse. Não acredite em nada apenas porque a maioria concordou que é a verdade. Não acredite em mim. Você deveria testar qualquer coisa que as pessoas dizem através de sua própria experiência antes de aceitar ou rejeitar algo."

(Siddartha Gautama, o Buddha, Kalama Sutra 17:49)


"Não se apresse em acreditar em nada, mesmo se estiver escrito nas escrituras sagradas. Não se apresse em acreditar em nada só porque um professor famoso que disse. Não acredite em nada apenas porque a maioria concordou que é a verdade. Não acredite em mim. Você deveria testar qualquer coisa que as pessoas dizem através de sua própria experiência antes de aceitar ou rejeitar algo."

(Siddartha Gautama, o Buddha, Kalama Sutra 17:49)


Em primeiro lugar vamos abolir a idéia de que Yogaterapia seja algo para substituir a medicina ou qualquer outra terapia. Isto não é verdade, precisamos da medicina e seus recursos. "Cada macaco no seu galho", até porque precisamos de todos os galhos para fazermos uma árvore inteira. Em segundo lugar também não gosto de classificá-la como terapia alternativa. Alternativo me parece um termo que caiu no pejorativo. Prefiro holística, complementar, pois é um método que visa o todo.
Em terceiro lugar vamos esquecer as promessas mágicas e mirabolantes, tipo "tomou Yoga a dor sumiu". Como qualquer outra técnica exige, persistência, disciplina e mudança de hábitos e padrões que estão gerando problemas.

Yogaterapia é para todos, para todas as idades, para saudáveis e também para doentes, principalmente para todos nós que estamos na busca de nossa própria identidade e valor e também é ótima para relaxar, energizar, tonificar e todos os efeitos conhecidos do Yoga.
Yogaterapia é um método do Yoga que abrange todas as técnicas práticas do Yoga (Hatha Yoga), aliadas aos conceitos filosóficos de outras linhas do Yoga tais como: Jnana Yoga, Karma Yoga, Bhakti Yoga, Tantra Yoga, Mantra Yoga, Raja Yoga, etc.
Para a Yogaterapia não existe uma doença e sim um doente. O princípio básico é que todos os problemas partem do sentimento de estarmos separados de Deus. A solidão, o medo, o egoísmo, o ódio são fatores geradores de stress, de baixa do sistema imunológico, que aliados aos fatores genéticos, comportamentais e sociais, criam campos favoráveis para as doenças.
O corpo é nossa casa, o habitat interno do nosso Ser. Uma casa em ordem, limpa e organizada, gera bem-estar, conforto e harmonia. A maioria de nós, passa a vida inteira dentro desta casa sem conhecê-la e muitas vezes querendo mudar de "casa". Basta ver o número de cirurgias plásticas e intervenções estéticas. Não que seja contra a beleza e a estética, pois são importantes, porém adianta pintar a casa por fora e dentro dela não fazer reforma alguma? Todos que passam pela rua acham a casa maravilhosa, mas lá dentro, no meio da bagunça ou ordem é que vamos morar.
Precisamos cuidar da "casca", mas também do conteúdo. A yogaterapia cuida de dentro e de fora. Nas aulas são utilizadas posturas, seqüências, respirações, meditações e relaxamentos. Durante a prática são acrescentados conscientizações corporais e respiratórias, além da promoção de um encontro com alguém que convivemos 24 horas, mas quase nem lembramos dele: "Nós mesmos!"
Talvez quem melhor definiu o que é Yogaterapia foi Hermógenes, professor pioneiro do método no Brasil. Para ele seis frentes de trabalho são fundamentais para que a atuação do Yoga seja completa:
Somatoterapia - são as posturas e técnicas do Hatha Yoga;
Pranoterapia - são as respirações e domínio da energia;
Estéticoterapia - buscar o equilíbrio e o melhor em todas as atividades;
Éticoterapia - a prática dos Yamas e Nyamas - a ética do Yoga;
Psicoterapia - o trabalho com a mente e auto-conhecimento e
Logoterapia - entregar-se a Deus.
O Yoga, por si só, é terapêutico pois melhora nossa postura física, emocional, ativa hormônios, melhora a circulação, previne doenças, traz auto-conhecimento e principalmente promove a União com o Absoluto e este é o melhor "remédio" que podemos tomar.
Se a prática do Yoga trouxe alguns destes benefícios para você, mesmo sem saber, você está praticando Yogaterapia, ou seja, usufruindo dos benefícios terapêuticos do Yoga.

Márcio Assumpção
Professor de Yoga


Em primeiro lugar vamos abolir a idéia de que Yogaterapia seja algo para substituir a medicina ou qualquer outra terapia. Isto não é verdade, precisamos da medicina e seus recursos. "Cada macaco no seu galho", até porque precisamos de todos os galhos para fazermos uma árvore inteira. Em segundo lugar também não gosto de classificá-la como terapia alternativa. Alternativo me parece um termo que caiu no pejorativo. Prefiro holística, complementar, pois é um método que visa o todo.
Em terceiro lugar vamos esquecer as promessas mágicas e mirabolantes, tipo "tomou Yoga a dor sumiu". Como qualquer outra técnica exige, persistência, disciplina e mudança de hábitos e padrões que estão gerando problemas.

Yogaterapia é para todos, para todas as idades, para saudáveis e também para doentes, principalmente para todos nós que estamos na busca de nossa própria identidade e valor e também é ótima para relaxar, energizar, tonificar e todos os efeitos conhecidos do Yoga.
Yogaterapia é um método do Yoga que abrange todas as técnicas práticas do Yoga (Hatha Yoga), aliadas aos conceitos filosóficos de outras linhas do Yoga tais como: Jnana Yoga, Karma Yoga, Bhakti Yoga, Tantra Yoga, Mantra Yoga, Raja Yoga, etc.
Para a Yogaterapia não existe uma doença e sim um doente. O princípio básico é que todos os problemas partem do sentimento de estarmos separados de Deus. A solidão, o medo, o egoísmo, o ódio são fatores geradores de stress, de baixa do sistema imunológico, que aliados aos fatores genéticos, comportamentais e sociais, criam campos favoráveis para as doenças.
O corpo é nossa casa, o habitat interno do nosso Ser. Uma casa em ordem, limpa e organizada, gera bem-estar, conforto e harmonia. A maioria de nós, passa a vida inteira dentro desta casa sem conhecê-la e muitas vezes querendo mudar de "casa". Basta ver o número de cirurgias plásticas e intervenções estéticas. Não que seja contra a beleza e a estética, pois são importantes, porém adianta pintar a casa por fora e dentro dela não fazer reforma alguma? Todos que passam pela rua acham a casa maravilhosa, mas lá dentro, no meio da bagunça ou ordem é que vamos morar.
Precisamos cuidar da "casca", mas também do conteúdo. A yogaterapia cuida de dentro e de fora. Nas aulas são utilizadas posturas, seqüências, respirações, meditações e relaxamentos. Durante a prática são acrescentados conscientizações corporais e respiratórias, além da promoção de um encontro com alguém que convivemos 24 horas, mas quase nem lembramos dele: "Nós mesmos!"
Talvez quem melhor definiu o que é Yogaterapia foi Hermógenes, professor pioneiro do método no Brasil. Para ele seis frentes de trabalho são fundamentais para que a atuação do Yoga seja completa:
Somatoterapia - são as posturas e técnicas do Hatha Yoga;
Pranoterapia - são as respirações e domínio da energia;
Estéticoterapia - buscar o equilíbrio e o melhor em todas as atividades;
Éticoterapia - a prática dos Yamas e Nyamas - a ética do Yoga;
Psicoterapia - o trabalho com a mente e auto-conhecimento e
Logoterapia - entregar-se a Deus.
O Yoga, por si só, é terapêutico pois melhora nossa postura física, emocional, ativa hormônios, melhora a circulação, previne doenças, traz auto-conhecimento e principalmente promove a União com o Absoluto e este é o melhor "remédio" que podemos tomar.
Se a prática do Yoga trouxe alguns destes benefícios para você, mesmo sem saber, você está praticando Yogaterapia, ou seja, usufruindo dos benefícios terapêuticos do Yoga.

Márcio Assumpção
Professor de Yoga